Dicas de saúde

 
 

Entrevista com o Dr. Luiz Carlos Alves de Oliveira

 
 
Em abril de 2012, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei que trata a regulamentação da profissão de motorista no país. Esta lei visa garantir a segurança no trânsito e a saúde dos motoristas. Conversamos com o Dr. Luiz Carlos Alves de Oliveira, otorrinolaringologia, sobre a importância do intervalo de descanso dos motoristas exigido por lei e como os distúrbios no sono podem afetar a jornada de trabalho destes profissionais.
 
 
1. Quais os distúrbios do sono mais comuns?
 
A insônia, o ronco com ou sem apnéia noturna associada e o sonambulismo.
 
 
2. O que é apnéia do sono?
 
Ela se caracteriza pela interrupção da respiração por mais de 15 segundos durante o sono, ou seja, é uma parada respiratória. Esses 15 segundos podem se estender por 30, 40, 50 até 60 segundos. Pode ser uma coisa muito grave.
 
Dr. Oliveira explica que na parada respiratória enquanto a pessoa está dormindo existe uma síndrome, que é um conjunto de vários sintomas, onde o paciente também pode apresentar como sintoma o ronco. 
A parada respiratória pode ser testemunhada ou com sensação de afogamento. A parada testemunhada é quando alguém observa no paciente esta característica enquanto ele dorme ou então o paciente relata que ele acorda durante a noite com a sensação de estar se afogando, sufocado.
“Ter pressão alta é outra característica, a sonolência diurna, ter cansaço excessivo, pode ter episódios de adormecimento durante o dia. São pacientes com tendência muito aumentada a ter diabete e a obesidade, além de serem pacientes predominantes do sexo masculino”, afirma.
 
 
3. Todos esses distúrbios possuem tratamento?
 
Todos os distúrbios do sono têm tratamento, porém nem todos são curáveis na sua totalidade, mas todos são tratáveis.
 
 
4. Quais efeitos podem potencializar o estado de adormecimento?
 
Existem três fatores fundamentais a serem considerados quando se fala em sono de boa qualidade: duração, qualidade e ritmo circadiano.
Não dormir uma quantidade de horas necessárias por longos períodos, leva a uma privação crônica parcial do sono, causando uma  série de consequências sérias, entre elas, a sonolência excessiva diurna, com o risco de cair em sono profundo, de modo súbito, em momentos totalmente inadequados, como por exemplo, enquanto dirige.
 
O ritmo circadiano, através da liberação de hormônios, leva o indivíduo a ter sono durante a noite e manter o estado de alerta durante o período de claridade. Este mesmo fenômeno faz com que a temperatura corporal caia durante a noite e no período ao redor do meio dia, provocando aquela sonolência habitual após o almoço. Indivíduos que trabalham em turnos noturnos, mesmo dormindo durante pela manhã, podem modificar este ritmo, e deslocar esta sonolência normal após o almoço, para o período vespertino, ou seja, o entardecer, aumentando o risco de acidentes neste período.
 
 
5. Quais as formas de avaliar a sonolência de um motorista?
 
Existe a Escala de Epworth, é a mais usada, que são perguntas onde o paciente vai responder questões do tipo “Você costuma cochilar ou dormir sentado, lendo, dirigindo?”
 
Assim, Dr. Oliveira explica que através deste método o paciente responde qual a chance deste cochilo acontecer, estas respostas podem ser sim, não ou talvez. Desta forma ele vai pontuando e cada resposta corresponde a um número, acima de 11 pontos indica que o paciente tem um sintoma de sonolência. “É um questionário subjetivo, mas a gente usa como um fator a mais para diagnóstico”, declara.
 
Dr. Oliveira também comenta sobre o teste de latência múltipla do sono, que serve para avaliação de sonolência excessiva diurna, onde há uma avaliação de breves períodos de cochilos. “Isso serve como um indicativo e pode ser constatado através de um exame”, afirma.
 
 
6. O tempo ideal de sono pode variar para cada individuo?
 
Pode, o tempo ideal de sono é de 6 até 8 horas, porém existem os chamados “curtos dormidores” e os chamados “longos dormidores”. Então, o tempo ideal de sono é o período que a pessoa habitualmente dorme e acorda disposta. 
 
Ele comenta que os ‘longos dormidores’ e ‘curto dormidores’, são chamados assim justamente pelo fato de que cada pessoa tem seu tempo de sono, umas dormem mais e outras menos, e quando acordam estão dispostas, e isso não significa uma anormalidade, é uma característica orgânica.
 
 
7. Existem outras formas indicadas que ajudam os motoristas a ficarem bem atentos?
 
Existe o trabalho do uso racional da cafeína que pode ser adotado, ou seja, consumindo de forma racional, sem misturar com outras composições. Então, o uso racional da cafeína pode ser uma coisa adotada. O exercício físico também pode e deve ser adotado, pois o exercício físico libera adrenalina e a adrenalina é um estimulante muito bom. Então, existem vários trabalhos deste tipo como: o uso da cafeína, os exercícios, os cochilos programados.
 
 
8. Por que é tão importante a pausa para o descanso dos motoristas rodoviários?
 
Motoristas normalmente trabalham por turnos e nem sempre conseguem preencher os padrões para um sono de boa qualidade. Os períodos de pausa são fundamentais para que descansem, repondendo da  melhor maneira possível o sono perdido. 
Existem várias pesquisas relacionando a falta de sono com acidentes rodoviários, não só pela sonolência excessiva, mas pelo prejuízo nas funções de alerta e desempenho.
 
 
 

As dores no trânsito: O motorista, dos pés à cabeça

por CÉSAR KURT

 

1 Lombar: Permanecer sentado é sinônimo de sobrecarga na região. “Nessa posição, ela tem que suportar todo o peso da parte superior do corpo”, explica Helder Montenegro. 

Para ter uma idéia, a lombar recebe uma carga quatro vezes maior nessa situação do que quando você está de pé. Isso porque os amortecedores naturais do corpo humano, como os pés e os joelhos, não são usados.

 

 

2 Ombros: Eles são mais afetados pelas constantes trocas de marcha. “Esse movimento, se repetido incessantemente, gera até bursite”, garante, sem medo de exagerar, o 

ortopedista Rubens Rodrigues, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia de São Paulo (IOT-SP). Traduzindo: o trânsito pode provocar uma dolorosa inflamação nos ombros.

 

3 Pescoço: O principal inimigo dele é o estresse decorrente do tráfego intenso. Sem querer, você tende a cerrar os dentes, tracionando toda a musculatura da área. Pressionada, ela se cansa. É quando surgem os incômodos. Sem contar que a posição dos braços também força a musculatura local, que, vale lembrar, ajuda a sustentar os membros superiores.

 

4 Pulmões e coração: Quanto maior a exposição aos poluentes despejados pelos escapamentos, pior para esses órgãos vitais. “Se for prolongada, pode até causar um infarto”, alerta Ciro Kirchenchtejn, pneumologista da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp. É que certas substâncias tóxicas dificultam a entrada de oxigênio e isso danifica as artérias.

 

5 Tornozelos e joelhos: Movimentos alternados de acelerar e brecar, freqüentes durante o trânsito, são um verdadeiro martírio para os tornozelos — existe a possibilidade de a articulação começar a se deteriorar. No caso dos joelhos, quem já sofreu um desgaste da cartilagem ou uma lesão de ligamento precisa redobrar a atenção. Isso porque muito tempo sentado culmina em inchaço e incômodo.

 

6 Panturrilha: Esse músculo na batata da perna é vital para a circulação dos membros inferiores. Quando andamos, ele impulsiona o sangue para cima, impedindo a formação de coágulos que bloqueiam a passagem do líquido vermelho para áreas como o cérebro — o que causaria um derrame. “No trânsito, a pessoa não move tanto as pernas. E isso favorece o problema”, explica o cardiologista Marcelo Sampaio. 

 
(Fonte: Revista Abril)
 
 
Acesse a cartilha do Ministério da Saúde com dicas de Sáude para o motorista profissional viver melhor.
 
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